quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Medo.

Amor.
Talento criado para arder e fazer viver. Uma chama que nunca se apaga, quando real.
E isso é bonito, dá cor, faz sorrir, faz pensar, faz suspirar, faz lembrar.
O amor é mais forte que a morte e é maior que o tempo.
Mas este amor se vê menor que o medo.
Não resistiria a outra decepção, a outra tragédia.
Esse amor se mostra vivo, mas oculto. Esse amor é apenas a esperança de um futuro incerto que não se arriscaria hoje.
E é claro que meu coração sorri a cada vez que vê aquele rosto, mas ele se partiria facilmente em mil pedaços após cinco minutos de pequenas verdades e lembranças de que aquela vida guardada tão cuidadosamente na memória não era tão perfeita quanto a saudade insiste em afirmar.
Aquele cheiro que não sai das minhas narinas, aquela voz docemente rouca que parece me chamar a toda hora, todos aqueles gestos e a cor da pele. Tudo está gravado como uma tatuagem escandalosa em meu peito. E é impossível escondê-la.
É impossível fingir, se quando olho em teus olhos e meu coração dispara e as pontas dos meus dedos ficam geladas.
Impossível esconder que resta algo de você em mim. E não foi por acaso que foi esquecido também algo de mim em seu coração... E muito menos por coincidência que estas coisas até hoje não foram jogadas fora, nem destruídas, nem apagadas. Sequer foram modificadas. Tudo continua da mesma forma como era quando ainda víamos os reflexos das nossas imagens no fundo de nossos olhos, quando nos protegíamos em nossos abraços e nos deitávamos em nossa passageira sensação de paz.
O tempo parou. Simplesmente parou naquele adeus.
E hoje, em nossas prisões de ouro, enjaulados nas situações às quais essa vida irônica nos acorrentou, nos rendemos ao conformismo e ao medo. Medo puro e simples. Assombroso e calmo. Menor que um susto.
Medo de não acertar, de arriscar, de fazer errado outra vez. Medo de sofrer, de precisar, de lutar. Medo de querer. Medo de ser dependente outra vez daquilo que nos faz mal e de chorar mais um pouco por uma separação que em nossos corações jamais existirá.
O medo nos acorrenta ao nosso dia-a-dia mecânico, à nossa rotina perdida em ações automáticas, e nos transforma em seres carentes daquilo que sabemos onde encontrar, mas não ousamos arriscar, lutar para nos aproximar.
Talvez seja só mais uma brincadeira com o meu coração para eu aprender a não mais querer o que já tentei destruir, ou talvez seja uma lição para aprender a não destruir o que eu quero. Um teste de paciência onde eu deva aprender a entender aquilo que amo e a preservar aquilo que tenho.
Mas o certo é que o amor nunca acabou, pois verdadeiro. E nunca fomos corajosos o suficiente para pormos um ponto final nessa história cheia de desencontros, porque somos ainda totalmente dependentes um do outro. E sabemos do que precisamos, e sabemos onde encontrar. E sabemos onde estamos, e sabemos como nos encontrar.
E temos o que queremos. Mas estamos perto demais para perceber a distância que há entre nós. E não temos coragem.
Essa é a verdade. Somos grandes covardes.
Talvez seja ainda tudo fruto da minha mente apaixonada por personagens que cria em seu íntimo para amar. Apaixonada pela lembrança de você em mim.
Lembrança que se materializou e surgiu diante dos meus olhos, dormindo em meus braços, como se eu tivesse voltado ao primeiro dia.
Tão perfeito... Tão perfeito.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Perdas e Ganhos

Quando foi que tanto amor se tornou esse deserto?
Sequidão trazida pelo calor do sol, a boca seca, a dificuldade de respirar, a areia sendo jogada nos olhos pelo vento. Vento esse de um simples sopro, da voz, do hálito, que tentam
cegar e ensurdecer.

Mas caminhar por esse deserto é o que me tornou resistente. Tenho pernas fortes e não tenho mais sede.
Sinto ainda que sou tão dependente e ao mesmo tempo não poderia suportar mais nenhum segundo observando aquela corrompida filosofia de vida.

Não há porque voltar atrás, estamos todos muito cansados. Uns das mentiras e outros da compreensão. Eu estou cansado dessa insensatez. Sempre houve muito drama, muita perseguição, já era hora de tudo vir à tona, ser jogado ao alto; ninguém consegue brincar por tempo demais.

Que bela tragédia, que tocante fim para uma história cheia de rodeios fantasiosos, com fundamento em nada. Nunca existiu uma razão de ser.
Nada passou de uma grande fraude contra os nossos próprios corações.

A grande diferença é que alguns têm para onde correr, ser abraçados, acolhidos e amados, têm ombros onde chorar e até rir mais tarde disso tudo, enquanto o outro lado foi abandonado para enfrentar sozinho sua própria mente pervertida, suas falsas noções de vida, com o pesar de que saber que não significa nada pelo fato de sequer saber quem se é e ter ainda de enganar a si e acreditar que nada do vivido teve valor, declarando que agora não se preocupa mais, que é inabalável, mas se contradizendo contando uma história deslealmente falsa por aí para se auto-afirmar. Mas é assim que as pessoas desse tipo se defendem desse mundo cruel, convencendo a si e a quem se dispõe a ouvir de que são pobres vítimas de lobos ferozes.

Fato é que sempre resta algo bom dentro de nós mesmos. Experiências, capacidade de compreender, maturidade: mais vida. Más lembranças; talvez até as boas. E o que eu deixei aí cedo ou tarde será como uma bomba, pois deixei amor, e um dia ele se tornará dolorido por falta de alimento.
Seria bom não lembrar. Seria bom poder deletar. Mas eu sou uma máquina de viver sem paz. É o resultado de querer viver com os pés no chão, não acreditar muito no acaso nem na morte para resolver os problemas de forma definitiva.

Este emaranhado de sentimentos enfermos me dão até dor de cabeça. Causam uma preocupação incômoda a qual em nenhum momento eu pedi para ter. Aliás, desde o início sempre os evitei. Sabia o que estava por vir e fui convencido a deixar acontecer. Paciência foi a minha bandeira por todo esse tempo e por piedade quis esperar essa hora chegar sem apressá-la.

É uma melancolia abominável junto com um tipo de saudade daquilo que nunca se viveu. Porque só se pode viver aquilo que for verdadeiro, real, palpável, manifesto e evidente.
O que é verdadeiro é intenso, belo e interessante por natureza. Dispensa qualquer modificação, invenção ou exagero.

Sabe o que destrói o amor?
O abandono dos sentimentos que nos fortalecem e a traição da confiança. E um vem acompanhado do outro. No primeiro dia já era possível ver quem os mataria.

Essa brincadeira não poderia durar muito tempo, mesmo; não poderia prosperar. Desde o primeiro momento podia ser observada essa forma deliberada e propositada de viver a vida.
Então prefiro deixar ir embora antes que decida criar mais uma encenação perturbada pelos seus próprios males, pela simples vontade de ser, perdida no pesadelo das próprias ilusões.
Deixo ir antes que improvise algo para me fazer odiar seu nome para o resto da vida. Mais ainda.

Antes mesmo que traia de forma definitiva, antes mesmo que abandone até a si para querer comprovar alguma outra farsa que se tornará venenosa o suficiente para matar, não a mim, mas tudo aquilo que já se chamou amável um dia.

Pra ser sincero é que dessa vez eu quis usar o truque que aprendi observando a forma determinada com a qual você age quando fica com medo de alguma coisa: Odiar antes que lhe virem as costas. Porém, diferentemente desse fingimento encenado que se vê em seu rosto assustado, o meu ódio foi semeado, regado e alimentado de pouco a pouco por toda essa vivência inconseqüente e mentirosa; É muito mais letal, é intenso, pois real.

Eu ainda não chamaria isso ainda de ódio; o ódio é muito intenso. você não seria capaz de suportá-lo. O que não tem valor simplesmente não merece crédito. Eu diria que esse sentimento se assemelha à raiva, por gerar a expulsão de um espinho, de uma parte de você em mim; é na verdade apenas um incômodo efêmero por causa de uma perda inexistente.

É um pouco confuso; É um perder sem perder.
Eu sei que algo foi embora. Algo divertido desvaneceu diante dos meus olhos. Mas é impossível saber o que se foi, porque nunca foi. Algo que parecia próximo se dissipou justamente como fumaça. Incômoda e passageira. Sem forma definida, sem força, sem poder ser identificada ou tocada, sem saber para onde vai, sendo levada pelo vento.

Não espero nada além de educação, embora nem isso eu queira mais. Nem um olhar, nem sentir o cheiro do seu medo, nem ouvir sua voz, nem ver sua sombra.

Não há do que reclamar, já acabou. Hora de ir embora.


“E já que não me entendes, não me julgues, não me tentes.

O que sabes fazer agora veio tudo de nossas horas,

Eu não minto, eu não sou assim”.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Lua Nova

Uma supernova! Uma explosão cósmica que libera energia nuclear que forma figuras reluzentemente psicodélicas!
Junto a Lua Nova, surge esse veículo de demonstração de uma ligação entre instintos sutilmente ferozes e cruéis e um resquício de sentimentalismo natural, inocente e sincero.
Nascido primeiramente da simples vontade de compôr cronicas ácidas, expor idéias lúcidas e críticas baratas; surgido com a força de uma mistura harmônica de sentimentos que ao se encontrar desafiaram-se e condicionaram a sua existência ao intuito de ser pior do que uma arma capaz de causar convulsões e ao mesmo tempo ser um acordo de paz, um instrumento de ordem, um comovente artefato capaz de expressar o mais singelo amor.
Mais do que uma explosão cósmica: uma catarse após a outra. É isso o que pode mover os corações e tocar a essência de quem ainda se considera vivo. É a libertação e liberação daqueles sentimentos que por algum motivo estiveram escondidos e reprimidos por tempo demais. Mas acima de tudo, deixando clara a obrigaçao imprescindível de gritar e expressar tudo o que surge nessa mente.
Deixando de lado a necessidade de se afirmar como uma criatura perfeita. Mas demonstrando conscientemente de que o que se trata aqui é de uma criatura mista, que anda sobre duas pernas, fala educadamente e tem olhares sensatos sobre o que o cerca, mas é um Lobo, um ser que vaga sempre acompanhado, que é destemido, leal e também cheio de imponência e crueldade.
Não sabendo ao certo ainda se a imperfeição de ser uma criatura mista se deu pelo fato de ter nascido meio homem e meio lobo ou por ter sido tomado por uma alma lupina, ou ainda ser apenas fruto de uma imaginação fértil. O fato marcante é que essas características me tomam, reações e instintos selvagens se tornam visíveis nos olhos dessa fera.
Enquanto metade de mim arreganha os dentes, rosna frente a menor suspeita, se mostra sarcasticamente inabalável e ri com uma ironia amarga a outra metade observa atentamente os olhares e feições, divaga sobre razões, atitudes e emoçoes, se ocupa com pensamentos belos, se emociona e se perde em um amor profundo como nenhum outro no mundo.
O que ocorre é que de uma forma ou de outra essa criatura há de se expressar, falar, demonstrar, explodir. Sempre e a toda hora. Qualquer sentimento ou fato pode ser o estopim de um novo discurso amável e perturbador. O que não poderá mais ser impedido de forma alguma.
Um uivo à minha Lua Nova, um chamado para ela mostrar outra vez sua face e vir brincar novamente com a luz refletida. Esperando a reanimação e inspiração que foram levados dos meus versos.
À Lua Nova. Supernova.